“A existência precede o pensamento. Portanto, a existência não é um estado mental, é um estado que está além. Ser, não pensar, é o caminho para conhecer o fundamental.” ( Osho, no livro Coragem)
Enquanto crianças, somos pura essência.
E ao longo do processo de crescimento, o ser humano atravessa inúmeras fases, sendo guiado a crescer pelos adultos à sua volta. Dessa maneira, nossa família, cuidadores, todas as instituições que frequentamos ao longo da vida, vão apresentando regras e os mais variados conceitos. Apresentam ideais de conduta, de boas maneiras, de bom senso, de sucesso, de relacionamento. Um sem fim de “caixinhas” as quais desejamos nos encaixar pra fazer dar certo, pra sermos vistos e amados. Em resumo, para pertencer.
Assim, vamos construindo nossa personalidade. Aos poucos. Como a construção de uma edificação de pedra, em que cada uma vai sendo colocada, assentada. E aos poucos, vai ganhando forma e altura.
Penso que vamos colocando pedras, adicionamos uma por uma, na intenção de construir um belo e alto muro. Que na verdade representa quem somos para o mundo, nossa “identidade construída". Esse trabalho dura literalmente uma vida!
Em determinado ponto, podemos perceber que esse muro que levamos uma vida inteira construindo, na verdade é o que nos separa da nossa essência, daquilo que está dentro de nós. E assim, ao longo dos anos, vamos perdendo contato com o nosso ser essencial e vamos vivendo “pra fora”. Dando conta da vida e seus desafios, utilizando apenas os dons que nós desenvolvemos e que ficam à vista, do lado de fora desse muro.
Quando reflito sobre abandonar o saber e abraçar o sentir, tem muito a ver com o processo de desconstruir esse muro. Pedra por pedra, muitas vezes sozinhos, outras vezes com ajuda de curadores, terapeutas. Tem horas em que conseguimos avançar e dar grandes passos nessa desconstrução, outras vezes, parece que estamos tirando novamente a mesma pedra, velha conhecida do nosso processo.
Para quem está nessa jornada de autoconhecer-se, essa desconstrução se faz urgente, necessária, vital até, arrisco dizer.
Parece um trabalho hercúleo, eu sei
Calma! Não construímos esse “muro” em um dia…
Levamos muitos anos e agora é preciso calma, paciência, resiliência, autoamor, autoaceitação e entrega.
Fazer o nosso melhor, sem auto cobrança.
E sem tanta pressa, fazer o nosso melhor possível.
Já fui do tipo de pessoa que qualquer ameaça de uma pedrinha se soltar do meu muro, entrava em pânico. Gastava tanta energia pra mantê-la ali, que quando decidi olhar por cima do muro, tomei um susto kkkkkk
Belo texto, jovem!
Belíssimo texto Maria!
É muito mais desafiador desconstruir do que construir os muros. Porque de certo modo eles nos dão uma segurança e uma sensação de falso conforto. Nos protegem da dor, mas nos impedem de sentir. Nos impedem de ver e fazer parte do mundo!