2 vidas diferentes, 2 situações totalmente opostas.
LAHORE, 563 a.C. a 483 a.C.
Vejo Sidarta pregando sob uma figueira enorme para uma multidão, estou nessa multidão. Sou uma pessoa pobre, um aldeão, bem egoísta. Me interesso pelos que Sidarta prega, mas tenho preguiça de colocar em prática. As palavras dele me tocam muito, mas quando saio de perto dele, volto a ser egoísta.
Quando eu morro, sinto muita vergonha por nunca ter colocado nada que ouvi na prática.
Hanuman vem me buscar, e me deu outro puxão de orelha. Ele diz que eu tenho boas intenções, mas não tenho ânimo para colocar em prática. Eu preciso me desatrelar dessa figura de Mestre.
É por isso que não posso ver o Mestre; enquanto eu o vir, vou ficar me pendurando nele, e preciso aprender a viver sozinha. Todas as encarnações estou sempre atrás dele, sempre procurando alguém em quem me pendurar, e é por isso que não posso mais vê-lo. Acho que o Mestre está em Júpiter, mas ele me olha. Sei que o meu mentor é o Alberto, não o Mestre.
Me sinto chateada, pois não vou conseguir matar a minha saudade enquanto eu não aprender a fazer as coisas do jeito certo. Porém, essa saudade é o que me faz querer fazer as coisas certas.
Acho que eu, Hanuman e Alberto já tivemos alguma encarnação com o Mestre do Barco. Eles ficaram pra me ajudar, porque dos 3, eu fui a que ficou mais atrasada, a que perdeu mais oportunidades de se melhorar.
Hanuman tem um bigode virado, como o do Salvador Dali, e um semblante bravo. Energeticamente, ele me lembra o Professor (Edson). Toda vez que eu vejo o Hanuman, sei que errei e vou tomar bronca. O Alberto é mais gentil na fala, mas o Hanuman é direto.
Estou em uma carga, num cavalo e com uma lança. 2 amigos estão ao meu lado, estamos em uma infantaria prestes a se chocar com outro exército. Acho que estou na China antiga. Nós 3 trocamos olhares e aceleramos os cavalos para o choque.
Hanuman
Hanuman nesta vida, meu Professor de Kung Fu (o que está sentado do lado direito da foto. O chinês do lado esquerdo é o Mestre do meu Professor).
MÉXICO, PERÍODO PRÉ-COLOMBIANO (900-1521 d.C)
Sinto sono e muito cansaço físico. Não consigo dormir a muito tempo. Minhas mãos estão pesadas de novo.
Vejo um lampejo de vilas, italianas ou mexicanas, com casa cor terracota e sacadas com grades pretas de ferro, bem elegantes.
Eu fiz algo muito ruim. Vejo uma tempestade de noite, com muitos raios. Está chovendo em mim, estou fazendo algum tipo de ritual. Sinto muito frio, a chuva está gelada. Estou exausta, mas não posso parar com o ritual. Estou segurando um cajado de madeira com um crânio na ponta, e cada vez que eu me mexo escuto algo tilintando, parecem dentes. É um ritual de fertilidade, acho que estou sozinha. Não sei se sou homem ou mulher, mas sou bem magra e pequena. Eu não queria estar ali, só queria estar em casa, no quentinho, mas tenho que estar ali. Meu corpo pesa muito.
Eu já tinha feito para as pessoas que me assistiam uma beberagem alucinógena de ervas, que eu deveria ter tomado, mas não tomei. Me sinto uma charlatã. Nem cheguei a terminar o ritual; quando vi que todos estavam bem locões, só saí de lá e fui para a minha cabana. Deitei em uma cama de madeira e me cobri, acho que sou bem velha.
Vejo vários raios lá fora. Acho que meu nome é ANEMA, acho que sou mulher.
A palavra TOLTECA martela na minha cabeça.
A tempestade lá fora está forte, e as pessoas ainda estão lá fora, alucinadas, e ninguém percebe que não estou lá. Dentro da cabana tem um gato preto e panelas redondas penduradas. Acho que vou morrer.
Sim, eu morri.
Levantei da cama no dia seguinte, e sai para olhar lá fora. Sai num promontório, dia muito nublado, é o lugar do ritual da noite anterior, tem um mar arrebentando lá embaixo. A vila foi atacada, tudo está queimado.
Há mulheres claramente mortas me olhando com olhar de ódio, elas me acusam de ter dopado a vila inteira para facilitar o ataque. Às vezes parecem que são várias mulheres, às vezes parece que são só 2, mãe e filha, magras, pálidas, cabelos escuros escorridos, a pele delas é cinza, acho que por causa das cinzas. Elas me acusam de traição.
Não sei se eu traí ou não a vila.
As mulheres não vão me deixar sair desse lugar.
Alberto vem me ajudar, não sei quanto tempo passou. estou de volta ao chalé, mas não está mais tão nublado. ele senta na minha frente e pergunta se ainda estou com frio. Eu tenho medo dele, pois nessa vida não confio em ninguém, sou muito bicho. Apesar de ser sacerdotisa, curandeira, não confiava em ninguém. Ele disse que ali eu estava segura e que ele não me faria mal. Estou começando a reconhecer o lugar, não lembrar das outras vezes em que estive ali, mas apenas reconhecer. Curioso, porque minha cabana era bem “pré-histórica”, e este chalé é mais "moderno", embora não tenha móveis, mas eu não estranho isso.
Pássaros cantam lá fora, e eu começo a chorar.
Alberto diz que eu posso chorar, que isso vai ajudar.
Eu não traí a aldeia, mas fui relapsa. Sabia que poderia ter um ataque, mas não levei a sério, e foi o que aconteceu. Eu também fui dopada, por isso me sentia tão exausta e com frio.
Meu ombro voltou a doer, por causa do frio. Morri sentindo muito frio.
Vejo imagens rápidas: um corvo preto, uma águia.
Começo a ter visões enquanto estou no chalé.
A mulher furiosa com a filha que acha que traí a vila, nesta vida é meu pai.
Desnecessário dizer que não nos damos bem.
Em uma vida minha que vi, mais para frente, acabei deixando que ela e a filha me levassem para o Umbral para que elas aplacassem sua fúria - mas não adiantou.
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